Sublimes Conversações

Ou conversações sublimes sobre literatura. Um clube do livro. Uma roda de leitura. Quase um grupo de auto-ajuda. Amigos que nunca se viram sentando-se em volta da fogueira para ouvir histórias contadas por aqueles que vieram antes. Ou em cafés do século XIX. Entre, puxe uma cadeira ou ponta do cobertor, encha sua xícara de chá. Seu copo de "vinho, poesia ou virtude". Embriague-se de letras. Pré requisito indispensável: querer. Bem-vindo a todos.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Primeiras palavras - esclarecimentos


O nome do blog - Atualizado


É isso aí, pessoal!

Enfim, eis que a idéia ganha espaço e endereço na blogosfera. O nome é meio óbvio, meio bobo, mas na falta de sugestões melhores, preferi optar pelo simples. Na dúvida, é sempre a melhor solução. Porque nos encontramos pelo Sublime e também os livros que leremos serão Sublimes (hãn, hãn? Pegaram?). E Sociedade Anônima, pois é aberta a todos. (O NOME DO BLOG FOI ALTERADO, COMO VOCÊS PODEM PERCEBER. ESSE ERA O PRIMEIRO NOME)

Pensei em nomes inspirados em grupos literários famosos, como o Grupo de Bloosmbury, mas achei que podia dar a idéia de que só leríamos livros de autores deste grupo. Também por esse motivo recusei nomes em inglês. Não por defender a língua pátria ou por ser contra estrangeirismos, mas apenas porque poderia dar a falsa impressão de que só leríamos obras em inglês ou de literatura inglesa.

Tentei homenagear meus escritores e poetas preferidos, com algum trecho, mas fiquei com medo de Clarice ficar com ciúmes de Drummond e o Pessoa cortar relações comigo, além de correr o risco de estremecer minhas ainda frágeis ligações com Guimarães Rosa. Não seria justo com nenhum deles.

Mediante isso, e para evitar que a criação do blog se estendesse ainda mais, resolvi optar pelo simples. Básico.


O livro


O primeiro livro a ser lido será Ana Karênina, de Leon Tolstói (há diferenças na grafia do nome, pois a "tradução" do alfabeto cirílico - aquelas letrinhas engraçadinhas russas - varia. Vocês podem achar edições escritas Anna Karenina e outras variações). O "prazo" estipulado para a leitura é até a primeira semana de março. Isso significa que, nesta data, discutiremos o livro propriamente. Mas nada impede que possamos ir trocando informações desde já, assim como pessoas que chegarem depois ou não conseguirem ler no prazo possam participar.

O romance Ana Karênina, juntamente a Guerra e Paz, de Tolstoi, são considerados grandes obras da literatura universal e deste escritor em particular. O romance é enorme - quase 900 páginas, dependendo da edição - e conta a história da Ana, mulher adúltera. Ele é ambientado na Rússia do século XIX, período em que viveu Tolstói.

Há sites, como esse aqui, onde você pode baixar o livro todo. E também esse. O único problema é que é em inglês - além disso, algumas pessoas não gostam de ler no computador e, para imprimir, deve ficar mais caro do que comprar o livro. Em todo caso fica a dica. Nesses sites há obras de autores clássicos cujos direitos autorais já cairam em domínio público.


Sobre o contexto e o autor


Algumas breves palavras sobre o contexto. Tolstói viveu no período Czarista (ou Tzarista) da Rússia, onde quem mandava era o Czar (ou Tzar), espécie de Rei. Essa época é marcada por profundas desiguldades sociais, onde uma classe abastada oprimia uma massa de servos, todos escravos. A fome era imensa e a miséria idem, seja no campo ou na cidade - é bom lembrar que a maioria da população vivia no campo. Com a Revolução Russa de 1917, de moldes socialistas, o Tzar é deposto, bem como todo o regime e os bolcheviques passam o cerol (isto é: matam, exterminam) a família imperial russa.

Leon Tolstói (1828-1910) era membro da aristocracia. Seus pais morrem cedo e ele é criado por uma tia. Ele é tido como um dos fundadores de um anarquismo cristão, já que abandonou suas riquezas para viver como pobre. Seus ensinamentos influenciaram Ghandi com quem ele trocou cartas. Nasceu em Iasnaia Poliana, perto de Moscou. Estudou Línguas Orientais na Universidade de Kazan, mas abandona. Depois estuda Direito em São Petesburgo. Foi um aluno medíocre.

Desiludido, se entrega a uma vida mundana e devassa (adoro "mundana e devassa"!). Caiu na vodka e mulheres. Viaja por toda Europa até retornar a sua cidade natal. Ou seja, um homem como eu e você, caro leitor, angustiado, tentando de tudo um pouco pra encontrar o seu lugar no mundo - e fazendo algumas merdas pelo caminho. Dando cabeçadas. Só pra gente ver como há muito mais entre mim, você e Tolstói do que querem supor os grandes críticos literários que insistem em dizer que o artista é um gênio, alguém com um dom divino, predestinado às artes.

Funda uma escola para crianças e adultos na sua propriedade. Começa a tratar seus empregados com modos mais humanos e não como se tratavam os servos.
Casa, tem treze filhos. Sempre atormentado por questões morais e religiosas, além da culpa de viver com privilégios diante de tanta miséria, tenta se desfazer de toda sua riqueza, mas a família não permite. Ainda assim ele doa seus bens para a mulher, Sófia, e os filhos. Queria viver como mendigo, entre os pobres, mas também foi renegado por eles.

Morre aos 82 anos, ao tentar fugir de casa, de inanição, no gelado inverno russo em 20 de novembro de 1910 na estação ferroviária de Astapova.

Claro que isso foi um resumo do resumo. Vocês podem ler muito mais aqui, ou acolá e também no prefácio da edição da Nova Cultural, de uma série chamada Imortais da Literatura Universal. Eu tirei essas informações desses lugares.

Sobre o patronímicos, favor ler este meu post aqui. Aliás, eu aconselho, pra quem não tem familiaridade com literatura russa como é o meu caso, a fazer uma lista de personagens. Pra você não se perder. Sem contar os vários apelidos. Mas depois de um ou dois capítulos você se acostuma.

Lembro que não sou uma especialista em cultura nem literatura russa. Caso alguém mais abalizado possa falar sobre o assunto ou fazer qualquer correção, sinta-se à vontade. E caso alguém NÃO abalizado também queira falar sobre o assunto, poderá fazê-lo na caixa de comentários ou me mandando um texto (carriewhiteaestranha@yahoo.com.br). Quem quiser ser um administrador do blog - isto é, ser a pessoinha que posta - me mande um e-mail. Eu só posso autorizar as pessoas a escreverem mediante convite feito por e-mail.

É isso. Vamos trocando informações sobre os russos. Em breve mais informações sobre o livro.


Aperitivo


E só pra quem ainda não leu ficar com água na boca, aí vai a primeira frase do livro: "Todas as famílias felizes são parecidas entre si. As infelizes são infelizes cada uma a sua maneira".

Quando eu crescer também vou começar meus livros assim.

9 comentários:

Anônimo disse...

Gostei sim. Quero fazer parte do grupo, posso? Só que serei uma participante virtual, pois estou bem longe, Mato Grosso do Sul. Bom, agora preciso providenciar o livro (óbvio, né?) e em seguida, ler (dããã). Com muita fé que chegarei ao fim até março, afinal tenho 3 filhos, com idades de 7 anos, 1 ano e 1 mês respectivamente. Mas vou tentar.
Ficou muito bonito o blog. Parabéns.
Fernanda

Carrie, a Estranha disse...

Oi, Fernanda! É claro! Seja bem-vinda!

Anônimo disse...

menina, esse livro tá hard de achar, hein? já vi q vai ter q rolar um sebo mesmo, mas a verdade é q eu tenho nojinho de livro usado... aí na capital deve ser mais fácil de achar. vou dar uma passeada por essas bandas, pq morar no interior...
adorei a introdução, mas nem tinha noção de q o livro era tão grandeeee. achei q tinha umas 500 páginas, no máximo... mas vamos q vamos!!!
bjs

Anônimo disse...

Que alegria chegar aqui (na verdade vi no Sublime Sucubus primeiro, claro) e ver que a coisa toda ganhou vida.
Também serei uma participante virtual, mas vou tentar de coração (haha) estar no Rio na data do primeiro encontro.
Anna Karenina está na lista de livros para ler há tempos, e agora será mais legal, sabendo que tenho "amigos" lendo junto.
Sobre a primeira frase do livro, ela que me fez ter vontade de lê-lo em um primeiro momento.
Boa sorte para todos!

Anônimo disse...

Sobre o nome do Blog, Carrie, o método de escolha utilizado por você foi a "Navalha de Ockham" (que é o princípio de que, diante de duas teorias que explicam igualmente os fatos observados, a mais simples é a correta).
Tá que ele trata de teorias científicas, mas eu adouuuro o termo "Navalha de Ockham", e acho que se aplica sim ao caso, rsss...
Mais sobre o assunto: www.projetoockham.org

Drica Menezes disse...

este livro esta na minha lista para ler, agora nas ferias vou tentar le-lo e depois venho aqui participar! parabens pelo blog bjao! :)

Carrie, a Estranha disse...

Bella,

Puxa, mas sebos são tão legais! Eu adoro pensar em livros de sebos e suas origens; as mãos pelas quais passaram e porque foram vendidos.

Sarita,

Pois é. Às vezes uma primeira frase é o q nos faz ler ou não um livro.

Drica,

Que bom. Seja bem-vinda.

Bjs

Renata disse...

Gostei sim!

eu demorei pra chegar aqui, mas cheguei...

olha eu sou uma contadição ambulante e explico a razão: fiz letras-inglês pq queria estudar literatura norte-americana e inglesa e era avessa a literatura portuguesa e brasileira [veja só o pecado!] e no fim, dediquei pouquíssimo do meu tempo às quatro...mas quero me redimir...

adorei a idéia do blog, será que eu consigo acompanhá-las?

Carrie, a Estranha disse...

Rê,

Uai, que isso, menina? Como assim, Consegue acompanhar? Já tá acompanhando. Ainda mais uma pessoa formada em letras. Seja bem-vinda! Todo mundo aqui é pobre, mas é limpinho.

Bjs