Sublimes Conversações

Ou conversações sublimes sobre literatura. Um clube do livro. Uma roda de leitura. Quase um grupo de auto-ajuda. Amigos que nunca se viram sentando-se em volta da fogueira para ouvir histórias contadas por aqueles que vieram antes. Ou em cafés do século XIX. Entre, puxe uma cadeira ou ponta do cobertor, encha sua xícara de chá. Seu copo de "vinho, poesia ou virtude". Embriague-se de letras. Pré requisito indispensável: querer. Bem-vindo a todos.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Rasputin é mau! Pega um, pega geral!



“Se para a salvação do espírito é necessário o arrependimento, e para o arrependimento acontecer é preciso o pecado. Então o espírito quer ser salvo, deve começar pecar o quanto antes.”- Rasputin



Seguindo a linha do marcador “curiosidades sobre a Rússia”, trouxe hoje para o nosso “mostrar e contar” (se lembram da historinha do Calvin e do Haroldo?) um pouco sobre a história do mago Rasputin, conselheiro do último dos Czares, Nicolau II, da Dinastia Romanov, cuja história coincide cronologicamente, em parte, com a dos personagens do nosso livro e também com a de Tolstoi.

A lembrança me veio à mente depois de fazer o teste sobre “que ícone russo é você” que estava no blog da Rosi e ter saído que eu sou o Rasputin – e, o que é pior: todo mundo que me conhece e conhece um pouco do Rasputin concordou. Enfim, abafa. Tirem suas próprias conclusões.





Continuando – ou melhor: começando – Rasputin foi uma espécie de mago, místico, mestre e conselheiro do Czar. Quase um misto de Zé Dirceu e Paulo Coelho.

Grigori Efimovich Novykhn (Rasputin é um apelido que significa “pervertido” que ele recebe logo na juventude, quando já enche a cara de vodka e passa as noites com mulheres) nasceu em algum ano entre 1862, 1864, 1869 e 1875 (são várias as datas encontradas) no vilarejo de Pokrovskoie (aliás, o mesmo vilarejo onde o nosso querido Liêvin – sim, Bella! Eu também estou adorando-o! – mora), Tobolski, na Sibéria (alguns locais dizem Tyumen) e toda sua vida será marcada por uma intensa busca religiosa – ainda que ele trilhe os mais variados caminhos para isso.

A atmosfera de Pokrovskoie era de misticismo e religiosidade, pois os restos mortais de São Simão, um dos apóstolos de Cristo, estavam enterrados ali próximo. Isso teria influenciado muito Rasputin.

Camponês rude e semi-analfabeto, com 18 anos entra em contato com a seita d´Os Flagelantes” cujo princípio era de que o ato sexual trazia a libertação e salvação espiritual. Vai para um monastério, mas permanece pouco tempo ali. Retorna a sua cidade e casa-se com Praskovia Fyodorovna. Tem três filhos: Dimitri, Maria e Varvara (alguns locais falam em um quarto filho com outra mulher). Logo abandona a mulher.

Conhece um místico chamado Makaria e resolve viajar pelo mundo, visitando locais sagrados. Rasputin então se declara um homem santo, além de prever o futuro. Pessoas com problemas espirituais passam a procurá-lo. As lendas sobre os seus supostos poderes vão se espalhando. Sua fama logo cresce.




(Ele no meio, com a mulherada em volta)


Uma dessas lendas diz que ele teria tido uma visão da Virgem Maria avisando-o que o filho de Nicolau II, Aleksei, era hemofílico e que precisava de ajuda. Daí ele parte para São Petersburgo. De fato o pirralho real era hemofílico e a czarina Alexandra Fiodoróvna, desesperada com a saúde do filho, manda chamar Rasputin que já havia se estabelecido como grande mago em São Petersburgo. Ele faz seu primeiro atendimento à família real em 1907, sendo bem sucedido. Entretanto, seu primeiro milagre fora com Anya Vyrubova, amiga próxima da rainha, que após um acidente de trem foi desenganada pelos médicos. Rasputin permaneceu por uma noite em seu leito, chamando o seu nome e ela retorna. Daí em diante é um abraço. O maluco é só sucesso. Loosho, poder e glamour. Ele passa não só a dar conselhos médicos como também políticos e religiosos.

Os Romanov eram um casal meio pancada das idéias. Sua corte era repleta de místicos, ilusionistas, adivinhos, hipnotizadores e outros picaretas – e isso dá bem o tom da Rússia dos últimos dias de Império. Enquanto isso o regime era cada vez mais odiado pelo povo (lembrando que estamos na beirinha da Revolução Russa), a corte se isolava cada vez mais. Rasputin era chamado pelo casal como “o amigo” – antes disso o Czar tinha ficado putaço com ele e mandado-o pra Sibéria, mas devido aos insistentes apelos da czarina, permite novamente a entrada de Rasputin na corte e continua a ouvir seus conselhos.

(A família Romanov. O pirralho hemofílico deve ser o único menino aí da foto).

Durante a Primeira Guerra Mundial Nicolau é obrigado a cuidar dos assuntos militares e deixa o país nas mãos da czarina e de Rasputin.

Com todo esse poder logo, logo Rasputin desperta ciúmes entre a aristocracia. As fofocas eram muitas: Rasputin participava de orgias sexuais, se envolvia em bebedeiras e até teria pegado di cum força a Czarina. O príncipe Feliks Youssoupov, Vladimir Mitrofanovich Purishkevich (um deputado de extrema direita), e o Grão Duque Dimitri Pavlovich (membro da família real) armam uma cilada para Raspu: convidam-no pra um passeio ao Palácio Youssoupov onde ele conheceria a mulher deste e sobrinha do Czar, grande beldade que o Rasputin já tava de olho fazia tempo e que gostaria de se consultar com ele. Lá eles dão um vinho envenenado com cianureto que não mata o bruxo, pois, em função de sua úlcera o veneno é expelido (em algumas versões fala-se que a quantidade de álcool que ele consumia regularmente teria neutralizado o efeito do veneno. Outros, ainda, falam que uma cirrose teria “filtrado” o veneno. Em todo caso, é por isso que eu bebo). Eles então atiram algumas vezes no bruxo, que ainda tenta escapar, mas cai agonizante, é castrado e depois jogado no rio Neva. Osso duro de roer? Imagina!

Algumas versões falam que a czarina teria feito uma cerimônia discreta em sua homenagem. Em fevereiro do ano seguinte (ele morre em dezembro) o corpo é exumado e queimado pela multidão e seu coração guardado na Academia Militar de Medicina. Em 1930, o coração some.


Algumas especulações dizem que ele teria conhecido o mago inglês Aleister Crowley – aquele que o Raul Seixas cita em várias canções e cujos fundamentos teriam influenciado ele e Paulo Coelho. Segundo esse site “Hipóteses menos confiáveis afirmam que o bruxo ainda vive e teria sido fotografado”. Bota menos confiável nisso!

O pênis de Rasputin foi conservado por substâncias químicas (não me pergunte por quem) e encontra-se exposto no Museu Erótico de São Petersburgo Ele mede impressionantes 28,5 cm. Confiram na imagem.



Pouco mais de um ano depois da morte de Rasputin os Romanov eram fuzilados pelos bolcheviques que fizeram a Revolução Russa. Consta que o mago teria profetizado que se algo ocorresse com ele a família real não viveria mais de dois anos. A morte do místico teria sido já um indício do fim? Castigo? Mau presságio? Ou simples coincidência? O fato é que a morte de Rasputin é emblemática de uma Rússia que cai com os Romanov. Uma Rússia profundamente mística, supersticiosa e com profundas disparidades sociais. Essa Rússia que encontramos nas páginas de Ana Karênina.



Fontes:

http://www.freeinfosociety.com/site.php?postnum=53

http://www.alexanderpalace.com/2006rasputin/index.html

http://www.themystica.com/mystica/articles/r/Rasputin.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Grigori_Rasputin

http://educaterra.terra.com.br/voltaire/artigos/rasputin.htm

http://www.spectrumgothic.com.br/ocultismo/personagens/rasputin.htm

http://mortesubita.org/biografias/personalidades/rasputin/view

Sobre o Pênis de Rasputin:

http://www.picarelli.com.br/clipping/clip15062004a.htm





9 comentários:

Frau !!! disse...

Aff...Aff...Aff..Carrie eu custo a acreditar que você tenha algo em comum com este cara. Confesso que fiquei "passada" com a história de que eu desconhecia totalmente...genteeeee orgias, sexo para libertação espiritual, e o que é isso...pênis conservado...heheheh...gente tem cada história doida na Rússia este povo é meio pirado credo. Enfim Carrie vc pode até não ser uma Matrioska (fresquinha d+)...mas Rasputin..nananinanãooooo

Anônimo disse...

nossa, q história doida! não tinha nem noção, carrie! mas como assim vc parece com esse cara??? q coisa louca! gostei da história do sexo para libertação though! hahaha!

Carrie, a Estranha disse...

Hahaha...Não gente, mas é pelo magnetismo, pelo fascínio, pela capacidade de influenciar e pela força q eu me pareço com ele(e pela modéstia, é claro! Hahaha)

Desde q soube dessas histórias dele fiquei absolutamente fascinada. Acho q ele expressa muito do período.


Bjs

raquel winter kreischer disse...

Eu já li um livro chamado Nicolau e Alexandra, sobre a vida da familia Romanov antes e durante a revolução, muito interessante. Foi escrito por um americano, e a familia real é bem retratada, mas de um ponto de vista "da defesa", digamos assim. Não dá pra não chorar com o fuzilamento da familia. Foi nesse livro que tomei conhecimento da história do Rasputin. O autor acha que Rasputin conseguia deter as hemorragias de Alexis com hipnose. O fato é que depois de 4 meninas, o casal estava desesperado por um menino, e quando ele veio doente a prioridade era defender a vida dele, e por isso Alexandra apelou pra tudo que podia. O irônico é que eles acabaram não precisando de um herdeiro, afinal.
Procure esse livro, deve ter em algum sebo por aí.. é meio velho.
bjo

Anônimo disse...

Menina,

amei o "Raspu" e não preciso nem dizer qual foi a parte que mais me impressionou, né?

Concordo com vc que vc tem tudo a ver com ele na capacidade de influenciar pessoas e na força.

Agora, o gentinha animada, hein? E a gente que fica aqui nos tropico achando que o povo lá é frio... Eles já estavam voltando com o bolo, enquanto a gente a gente ainda nem tinha juntado a farinha...

bjs

Anônimo disse...

* ah tá carrie, agora entendi!

* raquel, o livro parece ser bem interessante mesmo - mais uma dica anotada pra o ano que vem. pena que não tinha lido seu comentário antes. hoje andei pelo centro e passei em diversos sebos...

* é rívia, acho q vc tem razão - a gente aqui nenem e lá na rússia já pegava fogo!

bjs meninas

Anônimo disse...

irado o rasputin!

e sobre essa coisa mística, tem toda a história dos Romanov, que foram fuzilados, mas até hoje acredita-se que o príncipe e algumas das princesas tenham sobrevivido. é a famosa história da princesa anastácia, uma coisa meio elvis-não-morreu.
desse tempo pra cá surgiram várias pessoas afirmando que eram eles, lançando biografias e convencendo até gente que conheceu a família de verdade.
estranhíssimo...
e, é claro, o Liêvin é o máximo! Me sinto super ele, olhando essa coisa de formalidade e rindo, achando simplesmente ridículo.
to adorando o livro!
beijos!

Carrie, a Estranha disse...

Meninas,

Mas as pessoas cotumam dizer q a Rússia é muito parecida com o brasil. Não são povos nem um pouco frios e sim sentimentais e beberrões. Só são muito duros, ao contrário do brasil.

bjs

Unknown disse...

Olá para todas... pequisem a historia de casanova e ai vocês vão ver que isso já existia faz tempo, e hoje em dia tem muitos rasputins e casanovas por ai, tem muita gente sendo hipnotisada sem saber...até mais um abraço...