Essas são as impressões de Formiga Irmã - vulgo Bibi, vulgo “O Baru”, também conhecida como Viviane – sobre o nosso livro. Lembro que quem quiser fazer o mesmo, basta enviar o texto para mim ou para Rosi, ou Bellinha que nós publicamos – com os devidos créditos, é claro.
"Li os dois volumes do Tolstói nas minhas férias de janeiro. Estava na praia e choveu muito! A casa tinha apenas televisão aberta e nada de internet. Nos dias de chuva, meus dias se resumiam a TV e a leitura.
Gosto muito do universo de século XIX: roupas, descrições e a tranqüilidade em relação à leitura. O historiador Peter Gay diz que no século XIX a leitura era uma diversão, um prazer. Os romances eram as novelas ou o Big Brother de atualmente. Hoje isso se perdeu. Há uma profusão de informações e ler um folhetim acaba sendo algo meio prosaico e anacrônico. A leitura perdeu o status de divertimento e se apresenta com um caráter formativo e mais digno do que a TV.
O historiador Peter Gay, no livro “A Educação dos Sentidos”, analisa a experiência burguesa do século XIX através do diário de uma mulher casada. Ele explica que os códigos daquela época não eram tão rígidos e estreitos como supúnhamos e a mulher casada poderia desfrutar de sua sexualidade com o seu marido ou com seu amante. Esse autor contesta veementemente a idéia de que só os homens possuíam amantes e suas esposas viviam anestesiadas sexualmente. Entretanto, aceitava-se o amante, mas não a separação.
E foi esse viés que o livro me prendeu: o adultério. Fui capturada pelo casal Vronski e Ana. Por que Ana não manteve Vronski como amante e permaneceu fiel a estrutura de seu casamento? Há, no começo do livro, uma amiga que a incentiva manter o casamento e o relacionamento com Vronski. Mas Ana não aceita essa situação. Ela quer mais em um século em que a mulher não podia tanto. Há algo de uma morte anunciada, de uma tragédia, do inevitável que encanta, mas também amedronta. Ana foi a Moscou ‘salvar’ o casamento do seu irmão, no caminho conhece a mãe de Vronski e antes deles se conhecerem a paixão já existe. Vocês já se apaixonaram por alguém antes de conhecer? Eu já. A mãe prepara o caminho do filho, o caminho para o inferno.
Antes de conhecer Vronski pensei que seria um patife. Ao longo do livro, ele se apresenta belo, digno e desgraçado. Forte e decidido em seu amor. Após conhecer Ana, ele percebe que sua vida só teria sentido ao lado dela e se resigna. E, depois da sua morte nada mais sobrou.
Ana Karênina é uma heroína do século XIX, logo está presa a algumas determinações da época. Mas mesmo assim, ela encanta pela força. Ela precisava viver intensamente o amor, mas precisava ser aceita socialmente e isso já era pedir demais. Ela escolhe a loucura à exclusão e comete o ato derradeiro e extremamente forte: o suicídio.
Gostei muito do casal Liêvin e Kitty. Embora ache Liêvin excessivamente ingênuo. Há uma beleza na pureza como ele questiona o mundo. Destaco como o parágrafo mais belo o que se refere à monotonia de seu casamento. A distância que há entre a teoria e a prática, o sonho e a realidade. A idéia de que existe um final feliz em que a paz reinará para sempre.
"Li os dois volumes do Tolstói nas minhas férias de janeiro. Estava na praia e choveu muito! A casa tinha apenas televisão aberta e nada de internet. Nos dias de chuva, meus dias se resumiam a TV e a leitura.
Gosto muito do universo de século XIX: roupas, descrições e a tranqüilidade em relação à leitura. O historiador Peter Gay diz que no século XIX a leitura era uma diversão, um prazer. Os romances eram as novelas ou o Big Brother de atualmente. Hoje isso se perdeu. Há uma profusão de informações e ler um folhetim acaba sendo algo meio prosaico e anacrônico. A leitura perdeu o status de divertimento e se apresenta com um caráter formativo e mais digno do que a TV.
O historiador Peter Gay, no livro “A Educação dos Sentidos”, analisa a experiência burguesa do século XIX através do diário de uma mulher casada. Ele explica que os códigos daquela época não eram tão rígidos e estreitos como supúnhamos e a mulher casada poderia desfrutar de sua sexualidade com o seu marido ou com seu amante. Esse autor contesta veementemente a idéia de que só os homens possuíam amantes e suas esposas viviam anestesiadas sexualmente. Entretanto, aceitava-se o amante, mas não a separação.
E foi esse viés que o livro me prendeu: o adultério. Fui capturada pelo casal Vronski e Ana. Por que Ana não manteve Vronski como amante e permaneceu fiel a estrutura de seu casamento? Há, no começo do livro, uma amiga que a incentiva manter o casamento e o relacionamento com Vronski. Mas Ana não aceita essa situação. Ela quer mais em um século em que a mulher não podia tanto. Há algo de uma morte anunciada, de uma tragédia, do inevitável que encanta, mas também amedronta. Ana foi a Moscou ‘salvar’ o casamento do seu irmão, no caminho conhece a mãe de Vronski e antes deles se conhecerem a paixão já existe. Vocês já se apaixonaram por alguém antes de conhecer? Eu já. A mãe prepara o caminho do filho, o caminho para o inferno.
Antes de conhecer Vronski pensei que seria um patife. Ao longo do livro, ele se apresenta belo, digno e desgraçado. Forte e decidido em seu amor. Após conhecer Ana, ele percebe que sua vida só teria sentido ao lado dela e se resigna. E, depois da sua morte nada mais sobrou.
Ana Karênina é uma heroína do século XIX, logo está presa a algumas determinações da época. Mas mesmo assim, ela encanta pela força. Ela precisava viver intensamente o amor, mas precisava ser aceita socialmente e isso já era pedir demais. Ela escolhe a loucura à exclusão e comete o ato derradeiro e extremamente forte: o suicídio.
Gostei muito do casal Liêvin e Kitty. Embora ache Liêvin excessivamente ingênuo. Há uma beleza na pureza como ele questiona o mundo. Destaco como o parágrafo mais belo o que se refere à monotonia de seu casamento. A distância que há entre a teoria e a prática, o sonho e a realidade. A idéia de que existe um final feliz em que a paz reinará para sempre.
Havia dois meses já que Liêvin se casara. Era feliz, mas não como o esperava. A cada passo surgiam decepções, embora compensadas por imprevistos encantos. Era feliz, é certo, mas, ao princípio a sua família, via-se reconhecer a cada instante que era muito diferente do que sempre imaginara. Exatamente como aquele que depois de admirar o barquinho que singra, sereno e ligeiro, pelas águas de um lago, verifica, ao pôr os pés a bordo, que não basta ir quieto lá dentro, mas que é preciso estar atento a todo o momento ao rumo a seguir e à água que lhe corre por baixo, e que tem de remar e que lhe doem as mãos não acostumadas aos remos, outro tanto ocorria com o seu casamento. Em suma: era bem mais fácil olhar, pois, o barco que faze-lo singrar.
Bem, deixo-os com essas impressões e o convite a mantermos nosso grupinho de leitura unido e que a leitura seja de fato um prazer".
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